CAROM 3D – O triste fim deste gigante da sinuca virtual – Portal RetroZone

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Nos anos 2000, a internet ainda era um território em expansão. Redes de banda larga começavam a se popularizar, e os jogos online começavam a sair dos limites dos fliperamas para dominar os PCs do mundo todo. Foi nesse cenário que surgiu Carom 3D, qual tive o prazer de jogar muito!

Desenvolvido pela empresa coreana Neoact, Carom 3D não era apenas mais um simulador de bilhar. Lançado em 1999, ele combinava jogabilidade realista, gráficos tridimensionais bastante avançados para a época e uma comunidade global ativa e apaixonada. Durante anos, Carom 3D foi sinônimo de sinuca online… ahhh e detalhe, era leve e rodava perfeitamente em pc fraco.

Enquanto outros jogos de bilhar da época apostavam em gráficos 2D simples e físicos meio duvidosos, Carom 3D oferecia uma experiência muito mais imersiva. O jogo reproduzia as mesas, bolas e tacos em três dimensões, permitindo que o jogador ajustasse o ângulo da câmera livremente. Era possível mirar, aplicar efeitos nas bolas (como “english”, “topspin” e “backspin”) e sentir como a física das jogadas respondia com realismo.

Outro ponto forte era o sistema de ranking online. Carom 3D tinha servidores próprios que gerenciavam partidas competitivas, eventos e até torneios oficiais. Vencer partidas fazia o jogador subir no ranking global, alimentando o espírito competitivo da comunidade.

Sistema de Ranking no site oficial do jogo

O papel dos hackers no declínio

Apesar de seu sucesso estrondoso, Carom 3D não resistiu aos desafios de manter um ambiente saudável e seguro. Um dos fatores decisivos para a queda do jogo foi o aumento descontrolado de hackers.

O que os hackers faziam? Eles usavam programas externos para modificar o comportamento do jogo. Era possível, por exemplo:

Manipular o movimento da bola (fazendo jogadas impossíveis)
Ativar “aimbots” (bots de mira que calculavam a tacada perfeita automaticamente)
Interferir na partida dos adversários (lag hacks, desconexões forçadas)

Esses trapaças começaram a estragar a experiência para jogadores honestos. Aos poucos, a comunidade foi se desmotivando. Jogadores sérios, cansados da injustiça, simplesmente abandonaram o jogo.

A Neoact, por sua vez, tinha recursos limitados para combater essa invasão. Como uma desenvolvedora relativamente pequena, a empresa não conseguiu criar um sistema de proteção (anticheat) eficaz o bastante para conter a onda de fraudes. E, como se isso não bastasse, o crescimento de novos jogos online, com gráficos melhores e servidores mais robustos, acabou acelerando o processo de esvaziamento.

Tentativas de Sobrevivência

A Neoact ainda tentou manter o jogo vivo. Houve atualizações pequenas, novos modos e até uma tentativa de mudar o modelo econômico para microtransações (vendendo itens cosméticos e poderes especiais). Mas nada conseguiu trazer o fôlego de volta. A confiança da comunidade já tinha sido abalada de forma irreversível.. tendo suas atividades encerradas em 2013.

Alguns servidores privados chegaram a surgir, mantidos por fãs, mas nenhum deles teve o impacto ou a organização do jogo original. Aos poucos, Carom 3D foi virando uma lembrança … uma memória especial de uma época em que jogar uma partida de sinuca online parecia algo quase mágico.

O WCG 2011: O Último Grande Suspiro de Carom 3D

Mesmo já enfrentando sérios problemas com hackers e a perda de jogadores, Carom 3D ainda teve um último momento histórico: foi incluído como modalidade oficial no World Cyber Games 2011 (WCG 2011).

O WCG, conhecido como um grande evento “eSports”, era um dos maiores eventos competitivo de games da época. Ter um jogo no WCG era um reconhecimento enorme, e Carom 3D conquistou esse feito num momento em que poucos imaginavam.

Autor

Cássio Freire

Amante dos retrogames, vivi intensamente a era de ouro das locadoras e dos 16 bits. Cada pixel carrega uma memória, cada fita soprada uma história. Aqui, luto para manter viva a chama da cultura retrô e compartilhar essa paixão com quem também sente saudade dos bons tempos.